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sábado, 24 de dezembro de 2011

SEGREDO TRANCADO NO SOTÂO DA ALMA

Elas borbulham no caldeirão quente. São bolhas que num protesto avisam que o fundo está preste a se queimar. Representam as manifestações físicas de um segredo que dorme eternamente dentro de mim, e que de repente insiste em vir à tona como um vulcão em ebulição.
Todos têm segredos guardados num baú de lembranças, mumificadas e soterradas em um caminho em que o tempo forçou-nos à esquecer e que talvez por medo ou necessidade, insistimos em deixá-lo sepulto.
Diante de tanta insistência e provocação, resolvo encarar o desafio e mergulho no abismo de minha alma, em busca da passagem há muito esquecido. À medida que vou acertando e me aproximando, uma inquietude e insegurança somente vão aumentando. Agora sinto em toda a sua plenitude o mais terrível doa sentimentos, o medo em sua essência.
Pronto, chegando diante do baú me ajoelho na tentativa de abrí-lo, mas para a minha decepção vejo-o trancado necessitando de uma chave, e esta não a tenho mais. Observo em cima dele somente uma flor murcha e seca pelo tempo. Levo-a próxima às narinas, tentando desesperadamente ver se ainda restou algum perfume, nada, apenas um nome me vem à mente, Lena.
A flor que acarinhou o hálito durante o beijo, perderá com o tempo a fragrância que guiaria o retorno.

domingo, 30 de outubro de 2011

NOTURNO

Na escuridão do beco em que caminhas tua sombra desaparece. Não somente pela falta de luz, mas por medo de outras que vão surgindo...
Vêem transmitir-lhe recados ocultos e que por medo sempre te esquivastes.
Vêem mostrar-lhe o sorriso que esquecestes o olhar meigo que possuias e a serenidade que escondestes.
Tu és verdadeiro na essência da alma e nunca na soberba aparência enganadora.

domingo, 25 de setembro de 2011

NO SILÊNCIO DA MÁGOA

A face inexpressiva, mas atenta somente observa. Veste a máscara que esconde os sentimentos. Não quer se expor à ninguém que tente curar a ferida que sangra.
Alguém passa por ela com os olhos marejados tentando se esconder para não ser notada. Por acaso se fitam e descobre-se que possuem as chaves que desvendam seus segredos.
No silêncio da mágoa dão-se as costas e partem com destinos diferentes.
Não se fala a mesma língua na terra dos sofridos.

sábado, 10 de setembro de 2011

FALANDO AO VENTO

Envolveu-lhe as faces com suas mãos. Fitou-a profundamente nos olhos enxugando-lhe com seus lábios as lágrimas que escorriam. Balançou a cabeça em sinal de negação afastando-se dela e dando-lhe as costas  partiu.
Sozinha balbuciou algumas palavras, mas somente o vento fez-se ouvir...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O OCULTO DO MISTÉRIO

Quando se acaricia a onda mágica da pureza, buscando a flor que deu origem ao amor, nasce eternamente em nosso ser um feitiço de paixão que só se quebrará pela solidão do abandono.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ACARICIANDO RECORDAÇÕES

A maciez de uma pétala poderia magoar-lhe a fina face, mas seus penetrantes olhos de azeviche anestesiavam de encanto qualquer coração desatento.
A lágrima é a partida de um sonho que um dia foi amor e a saudade o agasalho que não aquece o frio cortante do sofrimento.
Na solidão de um quarto escuro acorda-se em desespero estendendo as mãos à procuira de um corpo ausente. Ninguém ocupa o espaço perdido dentro de uma alma.
Folhas amareladas no livro da vida, devem ser manuseadas com cuidado quando se acaricia recordações.

domingo, 15 de maio de 2011

VAIDADE DE LÚCIFER

Fora vítima de tudo que poderia toldar sua vontade e assim aprisionar sua liberdade.
Ele era imundamente rico e usou de todo o subterfúgio para torná-la sua prisioneira e subserviente. Era fraca indefesa e extremamente débil, contrastando tudo isso com uma beleza excepcional e estonteante. Esgotada em sua luta desigual, sem forças para resistir e vítima de uma indiferença coletiva, mais alimentada pelo medo do algoz, se matou.
Inimigos poderosos conseguiram provar na justiça sua culpa e ele foi preso. Provisoriamente os cúmplices assumiram seu poderio industrial esperando seu sucessor, mesmo que isso levasse tempo.
No dizer de Bertold Brecht:
"Todo mundo se ergueu e deteve o patife
   Mas está de novo no cio a cadela que o fez."

domingo, 24 de abril de 2011

A SEGUNDA

   O segredo que guardaste por tanto tempo, tornou-se um ornamento pétreo enfeitando a praça solitária do teu coração.
   Com as lágrimas derramadas geraste uma fonte que alimenta o córrego ao lado.
   As árvores secas e os bancos velhos e alquebrados marcam o tempo que passou.
   Mas, tu não envelheceste mesmo após tê-lo deixado. Apenas permitiste morrer por dentro, pelo cumprimento fiel à promessa mantida por um silêncio por aquele que nunca te mereceu.

domingo, 10 de abril de 2011

DANCE EM CIMA DOS CACOS

A agonia de quem cria e deseja criar atinge qualquer artista. O escultor que não consegue dar a forma sonhada à sua obra, o compositor que se perde em partituras inadequadas, o pintor cuja a mistura de tintas não lhe agrada  e principalmente o escritor que luta, briga e esperneia com suas idéias até surgir a bem aventurança de uma frase alcançada.
Jornalista talentosa sofrendo deste mal, inquiriu-me para desvendar o mistério de querer escrever um livro, mas se encontrar perdida num caminho desconhecido sem rumo. Finalmente proclama estar muito bem, amando e sendo amada.
Bom acho que aí mora o perigo. Não que o amor impeça de criar. Temos inúmeros poemas de gente apaixonada, livros infinitos de amores eternos, etc. Entretanto, acho que a boa literatura exige algo mais, um dar-se infinito e sem reserva, uma explosão interior onde a alma escancarada revele sua completa nudez. Fiz-lhe então a seguinte orientação para se tentar chegar a tanto:
   Você está em uma praia deserta banhando-se um pouco distante. De repente vem uma onda não tão grande como um tsunami, mas violenta o bastante para deixá-la aturdida, obnubilada, sem reações motoras, fora da realidade mesmo. O amor é assim deixa-nos neste estado.
   Dizem que ele é cego, mas não é não. É muito poderoso e ofusca todos os outros sentimentos. Quando se vai, deixa aparecer aqueles que sentadinhos em seus cantos acenando com suas mãozinhas, dão-lhe as boa vindas: a frustração, o sofrimento, a solidão, a mágoa, todos presentes.
   Se você quer realmente escrever, mergulhe dentro de si. Enfie as unhas nas feridas adormecidas deixando-as sangrarem e ao olhar para o chão repleto de cacos de sonhos perdidos e partidos, mesmo chorando e sangrando dance em cima deles.

quarta-feira, 23 de março de 2011

AO LUAR

Madrugada...
O silêncio expande-se sobre a terra
Banhando-a de uma quietude triste.
Surgem sombras pela noite afora,
Surgem vultos.
Ela aparece.
Envolta em transparentes véus,
Irradia uma claridade confortante.
Desce pouco a pouco do invisível para a realidade.
É um misto de tentação e beleza,
Delírio e tristeza.Vem do nada para o meu encantamento,
Para a minha alegria infinita...
O meu ser inebriado aos poucos vai se exaltando,
Vai se expandindo...
Expandindo-se das nuvens para a eternidade, para o irreal...
E juntos eu e ela voamos,
Porque voando existimos.
Percorremos cantos e recantos,
Apreciamos tudo que existe e nada nos aborrece.
Somos a LUZ.


A natureza é bela,
O sol ardente,
O animal pobre,
O espírito rico,
Deus eterno.


Vivemos todo o viver,
Sentimos todo o sentir.
Num relâmpago temos em nós
Toda a alegria e felicidade...
Num relâmpago ela se vai,
Não a alegria ou felicidade,
Mas, ela a Divina.


Madrugada...
O silêncio expande-se sobre a terra
Banhando-a de uma quietude triste.
Dos meus lábios algumas palavras
Se perdem no infinito em sinal de agradecimento.


Obrigado Inspiração
Pela tua
Presença.


Nota do autor do Blog- Poema escrito aos meus dezenove anos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A ESTRANHA

Acordou no meio da noite durante um pesadelo. No quarto escuro vislumbrou sombras no lado oposto à janela, amorfas sinistras e ameaçadoras. Como uma criança fugiu do local através da porta aberta ganhando o corredor, também enegrecido. Tropeçou em algo que não discerniu caindo mais à frente. Sentindo-se inseguro encolheu-se no chão em posição fetal, tremia. Foi então que presentiu um vulto chegando mais perto e sussurando-lhe uma mensagem confortante,
   -Quem é você?- a resposta veio em voz rouca e feminina:
   -Sou aquela que sempre fui um dia e que nunca mais serei. -e num gesto delicado acariciou-lhe a face.
A mão que afaga veste luva de ternura e emana um aroma de carinho.
Ao abrir os olhos ela tinha partido.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

PARA A ÍNDIA, TALVEZ,,,

Roubei um pedaço de alma do seu sorriso.
Meio sem graça, vi quando o encanto do seu olhar
Seguiu-me silenciosamente...
Deveria ter visto o fim do verão em seu rosto;
Prestando mais atenção quando você me disse "Boa Noite";
Quando na verdade estava me dizendo "adeus".
O tempo passou e aquela lembrança ficaria pendurada
No meu inconsciente como um morcego adormecido.
Hoje soube que você tinha partido para a Índia.
Para a Índia, talvez...