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sábado, 24 de dezembro de 2011

SEGREDO TRANCADO NO SOTÂO DA ALMA

Elas borbulham no caldeirão quente. São bolhas que num protesto avisam que o fundo está preste a se queimar. Representam as manifestações físicas de um segredo que dorme eternamente dentro de mim, e que de repente insiste em vir à tona como um vulcão em ebulição.
Todos têm segredos guardados num baú de lembranças, mumificadas e soterradas em um caminho em que o tempo forçou-nos à esquecer e que talvez por medo ou necessidade, insistimos em deixá-lo sepulto.
Diante de tanta insistência e provocação, resolvo encarar o desafio e mergulho no abismo de minha alma, em busca da passagem há muito esquecido. À medida que vou acertando e me aproximando, uma inquietude e insegurança somente vão aumentando. Agora sinto em toda a sua plenitude o mais terrível doa sentimentos, o medo em sua essência.
Pronto, chegando diante do baú me ajoelho na tentativa de abrí-lo, mas para a minha decepção vejo-o trancado necessitando de uma chave, e esta não a tenho mais. Observo em cima dele somente uma flor murcha e seca pelo tempo. Levo-a próxima às narinas, tentando desesperadamente ver se ainda restou algum perfume, nada, apenas um nome me vem à mente, Lena.
A flor que acarinhou o hálito durante o beijo, perderá com o tempo a fragrância que guiaria o retorno.