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sábado, 31 de outubro de 2009

GARRIOT - TRECHO DO CONTO


Garriot permanecia na mesma posição ainda com os olhos fechados:
"Os momentos vividos em sua presença foram como um toque mágico de um prazer infinito e uma comunhão nunca sentida por um ser."
"Às vezes em nosso encontro, embriagados de felicidade sorriam ou abraçados chorávamos com medo que o final trouxesse também a amarga surpresa de nossa separação, sem sabermos o porquê de tudo isso."
"Tornamonos subservientes recíprocos de uma escravidão amorosa, que apenas nos unia cada vez mais e mais."
"Acho que apenas aqueles que se amam verdadeiramente, adquirem a sutileza de prever um fim inesperado de tanta felicidade. Talvez o véu mágico da paixão nos cobrisse com uma proteção embora tênue, mas informativa das armadilhas de um adeus."
"O sofrimento de uma despedida é igual a morte da alma e quando isso acontece, tornamonos cegos tropeçando em um mundo de trevas e dissabores."
"E quando foi que isso aconteceu?"- perguntou Anselmo agora diminuindo seu tom inquisidor, demonstrando certa compaixão.
"O tempo eterno relógio do sofrimento! Nada perdoa, nada. Por que temos que lhe dar satisfação, quando o mesmo nos destroi sem ao menos nos pedir permissão."
"Infelizmente tenho que saber quando ocorreu tal separação. Isso é muito importante para mim."- complementou o psicólogo.
"Há muito tempo ou recentemente. Talvez ontem ou haja dias, sem lá! Separação não se mede pelo tempo e sim pelo sofrimento."
Após essas palavras Garriot caiu num mutismo prolongado como estivesse num transe espiritualista.
Anselmo sentindo uma obrigação mais de solidariedade que profissional, desligou o gravador.